Estudos indicam que flexibilidade mental e resiliência potencializam as chances de crescimento em experiências internacionais
A executiva de Recursos Humanos Estratégicos Daiane Barbosa, que construiu carreira no Brasil e nos Estados Unidos em empresas como HSBC e Bradesco, afirma que o ponto de virada para prosperar fora do país não está apenas na preparação técnica ou no domínio da língua, mas na forma de encarar os desafios. “O desconforto é inevitável, mas a forma como você o interpreta define se ele será uma barreira ou um trampolim para o crescimento”, explica.
Um estudo da consultoria PwC, que analisou a trajetória de 4.200 profissionais expatriados, mostra que aqueles com alto índice de adaptabilidade cognitiva, a capacidade de ajustar rapidamente pensamentos e estratégias, tiveram 45% mais chances de alcançar posições de liderança em até cinco anos no exterior. O levantamento também aponta que 68% desses profissionais afirmam ter desenvolvido novas competências que não faziam parte de sua área original de atuação.
A mudança de mindset, segundo Barbosa, começa pelo reconhecimento de que obstáculos como barreiras linguísticas, diferenças culturais e novos modelos de trabalho fazem parte do processo. Pesquisas do Instituto de Psicologia da Universidade de Cambridge indicam que a exposição frequente a situações fora da zona de conforto aumenta em até 29% a criatividade e a habilidade de solucionar problemas complexos. “Ao invés de resistir, é preciso se perguntar: o que posso aprender com isso?”, reforça.
Dados do Fórum Econômico Mundial no relatório Future of Jobs 2025 apontam que resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade estão entre as cinco competências comportamentais mais valorizadas globalmente. Em mercados dinâmicos e multiculturais, esses atributos tornam-se decisivos para se manter competitivo. “O profissional que entende que a adaptação é contínua não apenas sobrevive, mas se reinventa e amplia seu repertório”, afirma Barbosa.
A executiva lembra ainda que essa transformação não acontece de forma isolada: ela é acelerada por interações significativas. Participar de grupos profissionais, realizar trabalhos voluntários e se engajar em comunidades locais são formas de criar um ciclo de aprendizado constante. Levantamento do LinkedIn mostra que 79% dos profissionais que tiveram esse tipo de envolvimento nos primeiros dois anos após a mudança relataram avanço mais rápido na carreira. “No fim, a mentalidade é a ponte entre a experiência e a evolução. Quem ajusta o olhar, ajusta também o futuro”, conclui.